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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Educação do homem burguês


         Por Claudio Pereira
“Greve dos professores: Rio se prepara para guerra”.
“Prédios históricos do Centro da cidade são reforçados com barras de ferro, tapumes e chapas metálicas. PM convoca reforços de outros municípios para manifestação programada para esta terça-feira, Dia do Professor”.
As citações acima foram retiradas de uma matéria veiculada no site da Veja no dia 15/10/2013. A mesma denota o tratamento dado pela mídia aos profissionais da educação no Brasil quando os interesses da burguesia são feridos. Professor de escola pública esperar apoio de uma mídia com fortes laços com ex-membros da ditadura militar e com os governos é algo utópico, elogios demagógicos sim.
Hoje, dia do professor, em vários estados como Rio de Janeiro, Mato Grosso, Pará, está havendo greves de professores deflagradas diante do descaso dos governos com a infraestrutura das escolas e desrespeito aos direitos trabalhistas destes profissionais. No Pará, por exemplo, o governo não cumpre a lei do piso salarial e uma juíza de primeiro grau foi mais realista que o rei e decretou a ilegalidade da greve dos professores antes mesmo que ela começasse, além de aplicar uma multa diária de 100 mil reais ao SINTEPP. Diante de tamanho absurdo, o SINTEPP acionou o STF que declarou improcedente a liminar da magistrada.
Lenin disse certa vez que a velha educação saturada de espírito de classe fingia dar educação em par de igualdades para camponeses, operários e burgueses, quando na verdade favorecia os indivíduos mais ricos da sociedade. Os anos passaram, o projeto socialista de Lenin se degenerou com a ditadura stalinista/burguesa e o sistema educacional continua classista. O discurso de igualdade existe, mas para todos os lados o que se vê é desigualdade em um sistema educacional estruturado dentro de uma sociedade estratificada onde quem dispõe de poder econômico larga na frente de quem não dispõe do mesmo na longa jornada para chegar, por exemplo, a uma universidade. O mérito no capitalismo tem preço. Enquanto os filhos da maioria dos trabalhadores precisam passar pelo funil dos vestibulares (isto quando conseguem terminar a escola básica), os filhos de quem possui poder econômico, podem recorrer em última instância ao sistema de ensino privado.
O livro Educação e Luta de Classes do escritor e pensador argentino Aníbal Ponce é uma ótima indicação de leitura para quem queira compreender melhor o que explicitamos anteriormente. Para ele, a educação na sociedade de classes ao longo da história só muda a roupagem, preservando sua essência classista e excludente.
Com o desenvolvimento do capitalismo industrial, a burguesia, ao contrário dos patrícios e da nobreza não poderia negar educação ao proletariado, pois o capitalismo fundamentado no tecnicismo precisa qualificar a mão de obra ao passo que as técnicas evoluem. Um problema surgiu: como universalizar o ensino básico de maneira que o proletariado não desenvolvesse seu senso crítico? A resposta a esta incógnita é um sistema educacional dosado, controlado, coercitivo e de pouca qualidade, cheio de abobrinhas para que as massas não despertem seu potencial intelectual e revolucionário.
Essa é a educação que queremos? Uma educação saturada de espirito de classe no qual a maioria é educada para servir uma minoria que é educada para mandar, perpetuando assim a sociedade de classes, a corrupção e os privilégios?
Conhecimento pertence a todos e em hipótese alguma é admissível sua apropriação por minorias devotas do “deus” dinheiro.
Criar cobras para nos morder? Isto é o que passa pela mente dos guardiões de qualquer sistema político e econômico reacionário a socialização da justiça, do saber, da riqueza etc.

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