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sábado, 21 de dezembro de 2013

A história moldada

Por Claudio Pereira

                                                                                     Num tempo
                                                                  Página infeliz da nossa história
                                                              Passagem desbotada na memória
                                                                      Das nossas novas gerações


                                                                                                           Chico Buarque

Nelson Mandela, uma das maiores personalidades da história da humanidade, sucumbiu de forma natural ao tempo, ao contrário do que queriam muitos dos facínoras, falsários e fisiologistas que estavam presentes em seu funeral. Este cidadão africano conquistou notoriedade na luta contra o famigerado apartheid que vigorou durante décadas na sua terra natal: a África do Sul, onde uma minoria de descendentes de escravocratas controlavam e ainda controlam o poder político e econômico, submetia a população negra (nativa) a um tratamento desumano com pleno apoio e anuência das potencias capitalistas ocidentais, entre elas, os EUA. Ressalto que no início do século XX, os EUA tinha em vigor sua própria lei de segregação racial, então porque ficaria ao lado do CNA?
Os anos passaram, Mandela e seus correligionários foram presos e durante muito tempo foram considerados terroristas pela mídia burguesa. Não há dúvida que a ação direta foi o que restou para os negros sul-africanos, já que se fossem esperar pelos instrumentos jurídicos burgueses não chegariam a lugar nenhum. Sua luta recebeu apoio dos movimentos revolucionários internacionais e chamou à atenção da opinião pública mundial, além do mais, a mobilização da população negra estava causando a resignação desta que era a principal força de trabalho nas minas, o que gerou problemas para a classe capitalista. Diante disto e de uma possível revolução, a burguesia concluiu que era melhor perder os anéis do que os dedos e assim teve início o processo de libertação de Mandela e do fim do regime do apartheid. Alguns anos após sua libertação, Mandela tornou-se presidente da África do Sul. Mas nem tudo são rosas: a África do Sul migrou do regime racista aberto para o velado. A população negra sofre com a exclusão e as desigualdades socioeconômicas, isto porque derrubaram o apartheid, mas não deram sequência a luta para acabar com a nefasta sociedade de classes, pelo contrário, hoje, alguns negros sul-africanos absorveram o estilo de vida burguesa pautada no luxo e na exploração e posam ao lado de fascistas que enaltecem reiteradamente o “sangue azul” e que no passado chamavam Pinochet de democrata e Mandela de terrorista. Você analisou alguns dos representantes do Brasil? Não se esqueça de que o apartheid, as leis de segregação dos EUA, o nazi-fascismo, as ditaduras no chamado terceiro mundo, foram simultaneamente, facetas da classe capitalista para garantir a ordem burguesa.
Ao longo da história, imperadores, reis, governos, mídia, distorcem a história sem o menor escrúpulo e tentam se passar por democratas e humanitários e as novas gerações no geral por inépcia ou ignorância sucumbem às falácias desses farsantes, tomando-as como verdades. Isto é vital para eles.
Valeu Mandela. Mesmo que seu povo não tenha conquistado a verdadeira liberdade, você e seus correligionários fizeram desmoronar através da luta, uma das facetas do imperialismo: o apartheid.