Hoje é 1º de maio de
2013, dia do trabalhador. Ao assistir o JH algo me chamou à atenção:
trabalhadores dançando no Brasil e outros fazendo protestos mundo a fora. Com
tanto trambique nem Europa Ocidental suporta.
Essa é a ideia que nunca
muda: passar a imagem de que as coisas por aqui estão em paz, todos estão bem! Acomodar.
O pior é que a farsa cola, pois a maioria dos trabalhadores padece de
consciência crítica. A burguesia que nada tem de boba controla e pisa forte no
sistema educacional brasileiro. Criar cobra para nos morder? Isso é o que passa
pela mente insana de quem controla qualquer modo de produção corrupto.
O salário mínimo está
sendo reajustado abaixo da inflação real, os zeros aumentam à direita do mesmo,
mas seu poder de compra sucumbi frente à elevação dos preços das mercadorias e
dos serviços. Para acalmar, o governo já anuncia o “aumento” do ano seguinte já
nos meses iniciais do ano.
A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e
arte
Domingo eu quero ver o domingo passar
As frases acima são de
músicas da banda titãs. Ambas são uma crítica ferrenha a um modelo de sociedade
em que o trabalhador luta pela subsistência, sem garantia de estabilidade no
emprego, espaços dignos para desenvolvimento cultural e intelectual. Sem ter
aonde ir, fica fadado a assistir programas de TV, ironicamente feitos por
aqueles que pilham o trabalhador de verdade.
Outro dia, um locutor
esportivo suplicava pela presença de torcedores nos novos estádios, mas
reconhecia o preço elevado dos ingressos. É constrangedor saber que um desses estádios
custou cifras bilionárias para os cofres públicos e agora querem privatizá-lo
por valor irrisório comparado com os gastos. Isto por acaso é novidade?
Há um comercial de TV que
mostra um modelo de automóvel atual às pessoas dos anos 70 do século XX e diz
que o Brasil é um país rico na atualidade. O cômico dessa história alienante é
que naquela época o Brasil já frequentava o grupo das oito maiores economias do
mundo. Atualmente é o sétimo maior PIB, entretanto ocupa o 85º IDH dos países,
e olha que o IDH é um instrumento ambíguo de medição de qualidade de vida.
Entre 1949, época da luta
bipolar EUA x URSS e 1997, época do apogeu do neoliberalismo no Brasil, a
participação da remuneração dos trabalhadores, incluindo os servidores
públicos, na renda nacional decresceu em escala preocupante: de 56,5% para
38,2%.
Em 2006, havia 162.000
escolas no Brasil das quais 129.000 não tinham internet; 25.000 não tinham
eletricidade; 40.000 não tinham biblioteca e 10.000 não tinham banheiro.
Os dados sobre deterioração
da renda foram retirados do livro: Direito Constitucional do Trabalho do
ex-ministro do TST Arnaldo Süssekind. Os das escolas brasileiras, do
documentário: Pro dia nascer feliz.
Duvido que isto tenha
mudado? Em um documentário mais recente: Estudo de caso sobre a hidrelétrica do
Xingu, uma professora faz enorme esforço para ministrar aula para quatro turmas
das séries iniciais num galpão desprovido de infraestrutura na zona rural de
Tucuruí.
Salários incompatíveis com as necessidades
básicas da maioria dos trabalhadores, falta de moradia, sistema de saúde e de
transporte públicos precários... Se não têm, pague. Pra completar amigo uma
música de péssima qualidade desprovida de pudor e intelectualidade.
Tudo isto acontecendo e a
maioria espera por dias melhores e receitas mágicas de um governo burguês.