“Meu otimismo está baseado na certeza de que esta civilização vai desmoronar. Meu pessimismo em tudo aquilo que ela faz para arrastar-nos à sua queda”.
Jean-François Brient - Documentário A Servidão Moderna
O sistema está em crise por vários lugares
do mundo, a luta de classes se acirra. Para retardar o processo revolucionário
das massas, o cotidiano dos ideólogos burgueses é dar explicações antagônicas, fracassadas
e sem sentido ao povo, por exemplo: o endividamento dos trabalhadores decorre
da incompetência administrativa do seu dinheiro e não dos míseros salários que
recebem; a corrupção será extinta dentro no sistema capitalista simplesmente
votando correto em políticos honestos, enquanto as grandes corporações moldam o
sistema jurídico aos seus interesses econômicos; num momento falam que o
entrave do crescimento econômico é a elevada taxa de juros em outro que o FMI
recomendou a elevação da mesma como fórmula de crescimento; que conhecer seus
direitos soluciona o problema, mas quando agimos assim enfrentamos a morosidade
da justiça, os antagonismos de leis falaciosas e a força policial, por exemplo:
governador desrespeita a lei, mas há juízes que entram com liminar decretando
ilegalidade de greves de trabalhadores que simplesmente exigem o cumprimento de
tais leis; dizem que reforma agrária é coisa do passado, quando o problema da
mobilidade urbana tem como uma das causas o êxodo rural por falta de reforma
agrária; que salários elevados para professores resolve o problema da educação.
Juízes de Direito recebem salários elevados comparados ao dos professores, nem
por isso resolvem o problema da justiça brasileira; falam de sustentabilidade, mas
a todo o momento incitam o consumismo; Já chegaram a decretar até o fim da
história e da luta de classes. Shakespeare certa vez disse: que época terrível
esta, em que idiotas dirigem cegos. Isto ainda é atual.
Eu poderia citar uma centena de
exemplos da natureza dos supracitados, mas vou discorrer sobre um tema que está
chamando à atenção: a utilização da lei de segurança nacional contra
manifestantes que usam máscaras em protestos Brasil a fora.
Trabalhadores cansados do deboche e
do desrespeito da burguesia e de suas instituições no que tange a seus direitos
elementares que protestarem utilizando qualquer coisa que dificulte a
identificação do seu rosto poderão a partir de agora ser enquadrados na lei de
segurança nacional e ter sua vida rastreada e monitorada. E-mails, telefone
terão sigilo quebrado. Medidas desta natureza são de se esperar, sobretudo no
Brasil, onde muitos dos golpistas e apoiadores da ditadura militar de 64 estão
aí em cargos dos três poderes, na mídia e no comando de empresas privadas. Na
verdade, a ditadura foi para manter o status quo, coisa que os livros e a mídia
não nos contam. Ressalta-se que a lei nº 7.170 (Lei de Segurança Nacional) foi
outorgada em 1983, ano em que o processo de “redemocratização” estava em
andamento. Ainda há quem confunda o fato de que quem era contra a ditadura era de
esquerda, comunista ou a favor da democracia plena. Democracia burguesa é o
pobre calado resignado a aceitar ordens e desordens, se foge a isto, a máscara do
sistema cai e a repressão se instaura através da força policial, judicial,
econômica e midiática e não obstante outra ditadura.
Estados e municípios podem legislar
desde que suas constituições e leis orgânicas não contrariem a carta magna. A
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro não entende assim e feriu este
princípio aprovando uma lei proibindo o uso de máscaras em protestos. O
indivíduo será preso pelo simples fato de usar máscara. Isto não seria uma
contravenção penal? Negar tirar a máscara e identificar-se para o policial? A referida
lei é inconstitucional, mas não é assim que os reacionários temerosos da
mobilização popular entendem. O processo é lerdo para o lado do trabalhador,
mas extremamente veloz quando é para defender e proteger os interesses da
burguesia.
Mesmo desarticulados ou coagidos,
cresce a cada dia entre trabalhadores de todo o mundo a descrença nas
instituições do Estado burguês. No Brasil não vai tardar uma greve geral, pois
há greves de categorias profissionais o ano inteiro de norte a sul, de leste a
oeste, mas estas estão acontecendo de forma isolada.
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