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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Mediocridade


Por Claudio Pereira

A contratação de médicos estrangeiros pelo governo brasileiro é prova cabal da mediocridade oferecida ao povo pelo sistema neoliberal no campo da saúde, área que o Brasil nunca foi exemplo. Neste sistema caro leitor, se queres serviços com mais qualidade, pague dobrado! Há, além disto, três problemas endêmicos no país: 1) a falta de universidades e falta de interesse do governo em abrir faculdades de medicina (quimera universidade fosse equiparada a estádios e professores tratados como estrelas do futebol); 2) O conservadorismo “elitista” presente na cabeça de muitos formandos no curso de medicina (tempo é dinheiro, pouca concorrência também). Capitalista que se prese não quer povo saudável. As péssimas condições das escolas públicas (falta de professores, de prédios, livros, greves periódicas por melhores condições de trabalho e salários etc.) mina ao longo dos anos a capacidade da maioria dos alunos de disputar em par de igualdade as parcas vagas dos cursos de medicina das poucas universidades públicas brasileiras, ocupadas majoritariamente por alunos oriundos da rede privada ou melhor, de certas escolas privadas com mais qualidade de ensino; os alunos das classes A e B (não a fantasiosa classe média do PT) se não conseguem entrar na universidade pública, podem pagar até 6.300,00 reais por um curso particular. Muitos se formam as coxas. Isto é o que aponta os resultados no exame do Cremesp - Conselho de Medicina de São Paulo em 2012, onde 54,5% dos alunos que se formaram em faculdades paulistas foram reprovados no exame, mas não há obrigatoriedade de passar no exame para conseguir o registro no conselho de medicina. O enade é outro termômetro que mostra o péssimo desempenho dos estudantes de medicina do país. 1 e 2 são notas rotineiras da maioria das faculdades de medicina. Como não precisam do revalida, muitos formados no qual a família tem patrimônio elevado, fazem suntuosos prédios onde montam suas clinicas aparentemente boas. Para a maioria dos alunos da rede pública, desprovidos de recursos, resta apelar para o funil do neoliberal PROUNI ou ainda ao contraditório FIES que é arrecadado em grande parte das apostas realizadas em jogos lotéricos. Questionar a qualidade dos médicos estrangeiros (pra não dizer cubanos) é menos válido e antagônico, sobretudo em um país com um dos piores sistemas de saúde do mundo: o Brasil. Os Conselhos de Medicina proliferam discursos contraditórios: ao passo que duvidam da qualidade dos médicos estrangeiros, reconhecerem a péssima formação da maioria dos médicos brasileiros; 3) A famigerada xenofobia tão conhecida de brasileiros que tentam fazer a vida nos países capitalistas mais desenvolvidos agora se manifesta aqui nas passeatas e discursos reacionários contra os médicos estrangeiros. A mediocridade de formação social em certos cursos não é de se estranhar dentro da universidade, pois a mesma, desde sua criação nunca foi exemplo de inclusão. Salvo exceção de alguns livres-pensadores, a maioria dos formados em universidades públicas ou privadas são despolitizados e alienados, prontos para servir a estrutura sem questionar.
Para encerar esse pequeno ensaio, aconselharia os reacionários e os desinformados de plantão a fazerem uma analise comparativa do IDH e os indicadores de saúde cubano e brasileiro. Faço um alerta: informe-se com dados da OMS e até da ONU, pois há revistas reacionárias que distorcem os dados sem o mínimo escrúpulo.
Claudio Pereira é cartunista, geógrafo, professor da rede estadual e bacharel em Direito pela UFPA.

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