A INTERNET TEM TIRADO MUITO ATRAVESSADOR
DO CAMINHO?
Por Claudio Pereira
Tecnologia que surgiu durante a guerra
fria, desenvolvida pelos EUA, mas que após esse período, sobretudo em meados
dos anos de 1990, passou a ser comercializada e não tardou a chegar ao Brasil e hoje em dia, faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Estou
falando da internet.
Não tratarei aqui de uma análise técnica
desta tecnologia. Longe disto, pois quem vos escreve é apenas um usuário prudente
e curioso e que aprecia essa tecnologia que considero uma das grandes invenções
da humanidade. Não estou aqui para falar de acessibilidade, mas de
possibilidade.
Portanto, o que me fez escrever este texto
breve é o caráter “revolucionário” da internet no que tange o poderio de criatividade
que ela pode propiciar, elucidar, permitir abertura intelectual, intercâmbio, acesso
ao acervo de grandes universidades por seus usuários, sobretudo no campo da
produção da informação qualitativa. Não estou aqui para falar de revolução no
sentido de virar a mesa do sistema, mas da terceira invenção que é um divisor
de água no tempo histórico (revolução agrícola, industrial e digital).
A velha mídia, saturada de espirito de
classe, ainda tem forte controle sobre corações e mentes. Não que a internet
seja o ambiente livre da intervenção dos interesses geopolíticos e ideológicos
de grandes potências, a exemplo dos seus inventores. Ou então livre da
ignorância ou das armadilhas do materialismo de shopping. Mas não estou aqui
para falar de extremistas, de desinformados, bobos, iscas para materialistas ou
analisar notícias falsas.
O que quero abordar é sobre o enorme leque
cultural, jornalístico, educacional que ela pode possibilitar a quem tem
interesse pelo assunto, jovens ávidos por conhecimento. Não abordarei aqui a
questão do trabalho, possibilidades ou ameaça do desemprego estrutural, muito
menos do entretimento espontâneo. Quero abordar a porta e a chance para a
criatividade de jovens ávidos por informação, por transformação e mudança
social.
Recentemente estive assistindo vídeos no
youtube de jovens dos diversos rincões deste imenso país, soltando a voz e sua
indignação sobre a carência do ensino superior nas pequenas cidades
brasileiras, a maioria, que se diga de passagem. Ora, dos 5.570 municípios
brasileiros, mais de quatro mil têm menos de 10 mil habitantes (segundo o IBGE)
e em sua maioria, são carentes de serviços públicos básicos.
Jovens inteligentes, de mente aguçada, mas que
vivem em localidades que muita das vezes, não tem nem ensino médio. Mas que
querem ir além, produzir arte, cinema, ciência, tecnologia, mudar suas
realidades, mas que estão limitados pelo muro invisível da exclusão. Como eles
mesmos relatam, conscientemente: aqueles que podem se deslocar de ônibus até um
centro urbano que possue ensino superior, que saem ao entardecer e só retornam
na madrugada, ainda podem realizar o sonho de irem além nos estudos. E os que
não podem pagar? Entram nas estatísticas do funil do ensino brasileiro. Muitos
vão dizer: não quer estudar! Pasmem, até profissionais que eram pra entender do
assunto, falam.
A fala desses jovens desagrada políticos e
conservadores, mas o que eles (da estrutura conservadora) podem fazer frente ao
poderio de uma estrutura superior as suas? “Ah, se fosse aqui?” Muitos pensam e
indagam: “Onde formamos a opinião, controlamos a informação e desconstruímos a verdade, sem pudor,
sem ter oposição?”
Já vi caso de jovens indignados com a
precariedade da educação básica, com saúde e disposição para fazer valer seus
direitos constitucionais elementares, irem pedir espaço na mídia tradicional,
mas sequer foram ouvidos do que se tratava. Em regra, não é conveniente, abordar
tal assunto, desde que seja para fazer palanque.
O jovem brasileiro não tem voz participativa,
pode correr atrás, acionar MP, mas quase não adianta muito frente ao interesse
corporativo da velha mídia, tradicional e antiprogressista.
Mas agora, aquela parcela mais politizada
da juventude, já percebeu e cria seus próprios canais e a velha mídia, tenta, à
sua maneira, mostrar uma opinião maquiada de muitas mazelas que os jovens
brasileiros enfrentam. Surgem até personagens jovens (mas velhos de pensamento),
para dizer que o jovem filho da massa de assalariados deste país tem
representantes. Mas o jovem de pensamento progressista ou revolucionário quer
mais do que ter representantes. Ele quer ser protagonista, criar seu próprio
roteiro.
Não é para acabar com a mídia, tão
necessária. É para democratizá-la. Ou se democratiza, variando e produzindo
algo que se coadune com os interesses da maioria ou vai sucumbir aos mecanismos
de informação digitais.
Viva a capacidade do povo, para soltar a
criatividade!
Viva a juventude, esperançosa de um futuro
melhor, que um dia há de se concretizar!
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