Recentemente a presidenta
Dilma Rousseff deu uma entrevista em cadeia nacional contrapondo os “pomposos” gastos
com educação e saúde nos últimos quatro anos com os “humildes” gastos da construção
das arenas para a copa. Discurso fajuto e ideologizado, pois se os
investimentos nos setores educacional e de saúde tivessem sido proporcionais aos
das arenas, a infraestrutura das escolas e hospitais estariam provavelmente equiparadas ao
padrão FIFA dos estádios.
Dados de 2005 mostram que, de todas as escolas
brasileiras - somando ensino fundamental e médio -, 12.231, ou 6,5%, não têm
sequer um banheiro e que em 2002, havia no país 192.193 escolas (169.075 de
ensino fundamental e 23.118 de ensino médio) e 186.288 (162.727 e 23.561,
respectivamente) em 2004. O censo escolar também mostra que, em 2005, 25.821
escolas (13,8%) não tinham energia elétrica e 40.972 (22%) tinham apenas uma
sala de aula. E apenas 48.272 escolas (25,9%) tinham acesso à internet, não
necessariamente disponível aos alunos. O número de instituições com
laboratórios de ciência é ainda menor: apenas 25.399 (13,6%).
Se você quiser
mais dados da pesquisa, os números, de 1999 a 2005, sobre educação infantil,
ensino fundamental, médio e superior estão disponíveis no site edudatabrasil.inep.gov.br.
São Paulo,
maior cidade do país, o ensino fundamental e médio nas redes municipal e
estadual apresentam situações precárias. Atualmente, apenas 12,4% das escolas
públicas têm bibliotecas. Além disso, de cada dez colégios, apenas três abrigam
laboratórios de ciências.
No Pará não é
diferente, ainda mais em um estado onde grandes conglomerados transnacionais
pilham as riquezas naturais com plena anuência dos governos, da burguesia
nacional e ingenuidade do povo. Mesmo tendo o município que mais exporta no
país, o governo do Pará recorre a empréstimos frente a organismos multilaterais
internacionais para quem sabe, amenizar problemas estruturais de base nas áreas da
educação e da saúde.
Tais mazela são graves e só são destaque na mídia patronal de massa por dois motivos: 1) como
é impossível esconder o caos, fingir está preocupado é uma forma de não reincidir
no erro de Maria Antonieta e garantir o status quo do sistema socioeconômico;
2) quando a mesma sobe indiretamente no palanque para promover ou deturpar a
imagem de aliados ou adversários da burguesia. Por que será
que têm idiotas vaiando a presidenta antagonicamente dentro dos estádios?
O problema é
cosmopolita. Em uma pequena, média ou grande escala, não há ente
federativo que esteja imune a tal mazela que só será extirpada do nosso cotidiano
no dia em que nós trabalhadores formos sujeitos ativos dentro do processo
educacional e não meros coadjuvantes, vítimas de um
sistema educacional ideologizado e classista dirigido pelos inimigos históricos
da classe operária.
Brasileiro é hospitaleiro.
Tenho minhas dúvidas
quanto a isto.
Acho que isto depende da
região, do país e da classe social de quem chega.
Quem não está por dentro
do controverso incidente envolvendo os governos dos estados do Acre e de São
Paulo no que tange os imigrantes haitianos? Ou então dos nordestinos no
Centro-Sul? Ou ainda dos favelados no Rio de Janeiro?
Enquanto o turista gringo
é bem recebido (cuidado com os assaltos), brasileiros estão sendo barrados dia
e noite pelas controversas UPP’s. Mão na cabeça e documento é a rotina de quem não
habita áreas ricas nos espaços urbanos deste país. Frequentar áreas nobres só
se for para fazer o serviço pesado. Isto nos faz lembrar do famigerado apartheid
na África do Sul.
Se nos limitarmos às aparências de frases feitas, não
nos daremos conta de que o intuito de quem as profere é apenas cegar o povo para
problemas gravíssimos como os supracitados. O discurso é sempre de
grandeza e riqueza, mas a realidade é de tamanha pobreza, ainda mais em um país
onde 15 famílias tem riqueza equivalente ao PIB de todos os estados da Região
Norte.
Conscientizar, unir e
organizar o povo por quê? Isto cheira a revolução.
Dica de documentário: The Price of the World Cup.
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